Cantares Nocturnos

segunda-feira

Deixar que o quente das lágrimas corte o frio da madrugada que me acorda. Dispo a pele do lobo, que traz o sangue nocturno da cidade preso ao pelo. Na dualidade extrema, encontro-me, sou o que sou, sem respostas ou perguntas. Apenas fúria, apenas tristeza, se busco sem descanso a morte da tua alma, é apenas porque roubaste a minha.

Espero, espero... com a vaga esperança que desesperes.
posted by Grey Moon Wolf at 07:03 7 comments

sexta-feira

Será que já deixaste de sentir-me? será que não te lembras? Serei eu, apenas uma sombra, entre tantas na tua vida? Tanta palavra, tanta paixão, tanto amor? E agora? Vou para onde? Diz-me! Tu que quiseste fazer parte da minha vida, tu que quiseste ser o meu destino?
Partes. Nada dizes. Nada fazes. Deixas-me nu, sentado numa cama de falsos afectos, desejos súbitos... Que caminho tomo? Choro a tua ausência até a dor me vencer pelo cansaço da angústia? Afogo-me nos beijos de outra boca, apenas para lhe tomar o gosto, sem lhe saber o nome, marco-lhe a carne com as caricias que te dei?

És cobarde, eu também sou, mas recuso a ser mais do que aquilo que me fizeste ser. Tu, pelo contrário, és a coragem com pés de barro, escondeste-te atrás da fúria, tal como eu, atrás da raiva. Quando a madrugada chega, e aclara as sombras da noite, vejo-te ao longe, vestida de farrapos de rainha, com a presunção de quem tem sempre razão. Já alguém te disse que és miserável? Que eu sou aquilo que tu tanto te esforças, sem sucesso, para ser? Partes, e deixas-me partido, em noite de agonia, até a manhã chegar e com ela, a redenção.
posted by Grey Moon Wolf at 06:47 8 comments